dia do fico
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dia do fico
O
povo do Rio de Janeiro conhecendo que os interesses das Nações reunidos em um
centro comum de idéias sobre o bem Público devem ser os primeiros objetos da
vigilância daqueles, que estão revestidos do caráter de seus Representantes,
e de mais convencido de que nas circunstâncias atuais se constituiria responsável
para com as gerações futuras, se não manifestasse os seus sentimentos à
vista da medonha perspectiva que se oferece a seus olhos pela retirada de Sua
Alteza Real, se dirige com a última energia à presença de Vossa Senhoria,
como seu legítimo Representante, esperando que mereçam toda a sua consideração
os motivos, que neste se expõem, para se suspender a execução do Decreto das
Cortes sobre o regresso de Sua Alteza Real para a antiga Sede da Monarquia
Portuguesa.
O
Povo sempre fiel à causa comum da Nação, julga que não se desliza da sua
marcha representando os inconvenientes, que podem resultar de qualquer providência
expedida, quando ela encontre no local, em que deve ser executada, obstáculos a
esta idéia de prosperidade pública, que o Soberano Congresso anunciou
altamente à face da Europa, e que até o presente tem sido motivo de nossa
firme adesão aos princípios Constitucionais. Na crise atual o regresso de Sua
Alteza Real deve ser considerado como uma providência inteiramente funesta aos
interesses Nacionais de ambos os Hemisférios. Não, não é a glória de
possuir um Príncipe da Dinastia Reinante, que obriga o Povo a clamar pela sua
residência no Brasil à vista do mesmo Decreto, que o chama além do Atlântico:
nós perderíamos com lágrimas de Saudade esta glória, que acontecimentos
imprevistos, e misteriosamente combinados nos trouxeram, abrindo entre nós uma
época, que parecia não estar marcada pela providência nos nossos Fastos, e ao
mesmo tempo fazendo a emancipação do Brasil justamente na idade, em que possuído
da indisputável idéia de suas forças, começava a erguer o colo para repelir
o sistema Colonial; mas a perda desta Augusta Posse é igualmente a perda da
segurança, e da prosperidade deste rico, e vastíssimo Continente; ainda avançamos
a dizer respeitosamente, que esta perda terá uma influência mui imediata sobre
os destinos da Monarquia em geral. Se os Políticos da Europa maravilhados pela
Resolução de Sua Majestade o Senhor Dom João Vi em passar-se ao Brasil
realizando o projeto, que os Holandeses conceberam quando Luís IV trovejava às
portas de Amsterdam, que Filipe V tinha na idéia quando a fortuna o ameaçava
de entregar a Espanha ao seu rival, que o ilustre Pombal premeditava quando o
Trono da Monarquia parecia ir descer aos abismos abertos pelo terremotos, que
Cados IV já mui tarde desejou realizar; sim se os Políticos disseram que o
Navio que trouxe ao Brasil o Senhor D. João Vi alcançaria entre os antigos
Gregos maiores honras do que esse, que levou Jason e os Argonautas a Colcos, o
Povo do Rio de Janeiro julga que o Navio que reconduzir Sua Alteza Real aparecerá
sobre o Tejo com o Pavilhão da Independência do Brasil.
Talvez
que Sua majestade Criando o Senhor D. Pedro, Príncipe Regente do Brasil tivesse
diante dos olhos estas linhas traçadas pelo célebre Mr. Du-Pradt "Si le
passage du Roi n'avait eu lieu, le Portugal perdait le Brésil de deux maniéres,
1. par l'attaque qú eu auraiente fait les Angiais sous pretexte de guerre avec
le Portugal soumis aux Français; 2. par I'Independance dans Ia quelle ce grand
Pays separe de Ia Métropole par la guerre ne paurait manquer de tomber, comme
ont fait les Colonies Espagnoles, et para la même raison, et avec le même succés.
Aussi est il bien evident que si jamais le Souverain établi au Brésil repasse
en Portugal il laisserá derriére lui I'Independance établie dans les
comptoirs de Rio de Janeiro." - Se a passagem do Rei se não verificasse,
Portugal perdia o Brasil por dois modos, primeiro por ataque que fariam os
Ingleses com o pretexto de guerra com Portugal submetido aos Franceses; segundo
pela independência, que infalivelmente este grande País separado da Metrópole
pela guerra proclamaria, como fizeram as Américas Espanholas com a mesma razão,
e com o mesmo sucesso. É logo bem evidente que se algum dia o Soberano
estabelecido no Brasil voltar para Portugal, deixará após de Si a Independência
firmada em todas as feitorias do Rio de Janeiro. Conhece-se qual é o estado de
oscilação, e de divergência, em que estão todas as Províncias do Brasil; o
único centro para onde parece que se encaminham suas vistas, e suas esperanças
é a Constituição, e a primeira vantagem, que se espera deste plano
regenerador é a conservação inalienável das atribuições, de que se acha de
posse esta antiga Colônia transformada em Monarquia; menos para autorizar a
residência do Augusto Chefe da Nação, do que pelo grande peso, que o seu Comércio
de exportação lhe dava na balança mercantil da Europa, pelas suas diferentes
relações com os diversos Povos desse antigo Hemisfério, e pelo progressivo
desenvolvimento de suas forças físicas, e morais.
O
Brasil conservado na sua Categoria, nunca perderá de vista as idéias de seu
respeito para com a sua ilustre, e antiga Metrópole, nunca se lembrará de
romper esta cadeia de amizade, e de honra, que deve ligar os dois Continentes
através da mesma extenção dos mares que o separam; e a Europa verá com
espanto, que se o espaço de duas mil léguas, foi julgado mui logo para
conservar em vigor os laços do Reino Unido, sendo o fiador desta união um frágil
lenho, batido pelas ondas, e exposto às contingências da Navegação; este
mesmo espaço nunca será capaz de afrouxar os vínculos de nossa aliança, nem
impedirá que o Brasil vá ao longe com mais alegria, com a mão mais cheia de
riquezas, do que ia dantes, engrossar a grande artéria da Nação.
O
Povo do Rio de Janeiro conhecendo bem, que estes são os sentimentos de seus
co-irmãos Brasileiros protesta à face das Nações pelo desejo que tem de ver
realizada esta união tão necessária, e tão indispensável para consolidar as
bases da prosperidade Nacional: entretanto o mais Augusto penhor da
infalibilidade destes sentimentos é a Pessoa do Príncipe real no Brasil,
porque nele reside a grande idéia de toda aptidão para o desempenho destes
planos, como o primeiro vingador do sistema Constitucional. As Províncias do
Brasil aparecendo nas pessoas dos seus Deputados em roda do Trono do Príncipe
Regente formaram uma liga de interesses comuns, dirigindo sempre a marcha das
suas providências segundo a perspectiva das circunstâncias, sendo um dos seus
objetos de empenho estreitar mais e mais os vínculos de nossa Fraternidade
Nacional.
Se
o motivo que as Cortes apresentaram para fazerem regressar Sua Alteza Real é a
necessidade de instrução de economia Política, que o Mesmo Senhor deve
adquirir viajando pelas Cortes da Europa assinadas no Decreto, o Povo julga que
se faz mais necessário para a futura glória do Brasil, que Sua Alteza Real
visite o interior deste vastíssimo Continente desconhecido na Europa
Portuguesa, e por desgraça nossa examinado, conhecido, descrito, despojado
pelas Nações Estranjeiras, em cujas Cartas, como ultimamente na de Mr. La Pie,
nós com vergonha vamos procurar as Latitudes, e as Longitudes das Províncias
centrais, a direção dos seus grandes rios, e a sua posição geográfica, os
justos limites, que as separam umas das outras, e até conhecer a sua capacidade
para as riquezas de agricultura pela influência das diversas superfícies, que
elas oferecem.
Portugal
considerando o Brasil como um País, que só lhe era útil pela exportação do
ouro, e de outros gêneros com que ele paga o que importam os Estrangeiros,
esquecendo-se que esta mesma exportação era resultado mais das forças Físicas
do Brasil, do que de estímulo das Artes de indústria comprimidas pelo mortífero
sistema Colonial, e abandonadas a uma cega rotina não se dignou em tempo algum
entrar no exame deste Continente, nunca lançou os olhos sobre o seu termômetro
político, e moral, para conhecer a altura em que estava a opinião pública, e
bem mostra agora pela indiferença com que se anuncia a seu respeito: é
portanto de primeira necessidade que o Príncipe Regente dê este passo tão
vantajoso para maior desenvolvimento da vida moral, e física do Brasil.
povo do Rio de Janeiro conhecendo que os interesses das Nações reunidos em um
centro comum de idéias sobre o bem Público devem ser os primeiros objetos da
vigilância daqueles, que estão revestidos do caráter de seus Representantes,
e de mais convencido de que nas circunstâncias atuais se constituiria responsável
para com as gerações futuras, se não manifestasse os seus sentimentos à
vista da medonha perspectiva que se oferece a seus olhos pela retirada de Sua
Alteza Real, se dirige com a última energia à presença de Vossa Senhoria,
como seu legítimo Representante, esperando que mereçam toda a sua consideração
os motivos, que neste se expõem, para se suspender a execução do Decreto das
Cortes sobre o regresso de Sua Alteza Real para a antiga Sede da Monarquia
Portuguesa.
O
Povo sempre fiel à causa comum da Nação, julga que não se desliza da sua
marcha representando os inconvenientes, que podem resultar de qualquer providência
expedida, quando ela encontre no local, em que deve ser executada, obstáculos a
esta idéia de prosperidade pública, que o Soberano Congresso anunciou
altamente à face da Europa, e que até o presente tem sido motivo de nossa
firme adesão aos princípios Constitucionais. Na crise atual o regresso de Sua
Alteza Real deve ser considerado como uma providência inteiramente funesta aos
interesses Nacionais de ambos os Hemisférios. Não, não é a glória de
possuir um Príncipe da Dinastia Reinante, que obriga o Povo a clamar pela sua
residência no Brasil à vista do mesmo Decreto, que o chama além do Atlântico:
nós perderíamos com lágrimas de Saudade esta glória, que acontecimentos
imprevistos, e misteriosamente combinados nos trouxeram, abrindo entre nós uma
época, que parecia não estar marcada pela providência nos nossos Fastos, e ao
mesmo tempo fazendo a emancipação do Brasil justamente na idade, em que possuído
da indisputável idéia de suas forças, começava a erguer o colo para repelir
o sistema Colonial; mas a perda desta Augusta Posse é igualmente a perda da
segurança, e da prosperidade deste rico, e vastíssimo Continente; ainda avançamos
a dizer respeitosamente, que esta perda terá uma influência mui imediata sobre
os destinos da Monarquia em geral. Se os Políticos da Europa maravilhados pela
Resolução de Sua Majestade o Senhor Dom João Vi em passar-se ao Brasil
realizando o projeto, que os Holandeses conceberam quando Luís IV trovejava às
portas de Amsterdam, que Filipe V tinha na idéia quando a fortuna o ameaçava
de entregar a Espanha ao seu rival, que o ilustre Pombal premeditava quando o
Trono da Monarquia parecia ir descer aos abismos abertos pelo terremotos, que
Cados IV já mui tarde desejou realizar; sim se os Políticos disseram que o
Navio que trouxe ao Brasil o Senhor D. João Vi alcançaria entre os antigos
Gregos maiores honras do que esse, que levou Jason e os Argonautas a Colcos, o
Povo do Rio de Janeiro julga que o Navio que reconduzir Sua Alteza Real aparecerá
sobre o Tejo com o Pavilhão da Independência do Brasil.
Talvez
que Sua majestade Criando o Senhor D. Pedro, Príncipe Regente do Brasil tivesse
diante dos olhos estas linhas traçadas pelo célebre Mr. Du-Pradt "Si le
passage du Roi n'avait eu lieu, le Portugal perdait le Brésil de deux maniéres,
1. par l'attaque qú eu auraiente fait les Angiais sous pretexte de guerre avec
le Portugal soumis aux Français; 2. par I'Independance dans Ia quelle ce grand
Pays separe de Ia Métropole par la guerre ne paurait manquer de tomber, comme
ont fait les Colonies Espagnoles, et para la même raison, et avec le même succés.
Aussi est il bien evident que si jamais le Souverain établi au Brésil repasse
en Portugal il laisserá derriére lui I'Independance établie dans les
comptoirs de Rio de Janeiro." - Se a passagem do Rei se não verificasse,
Portugal perdia o Brasil por dois modos, primeiro por ataque que fariam os
Ingleses com o pretexto de guerra com Portugal submetido aos Franceses; segundo
pela independência, que infalivelmente este grande País separado da Metrópole
pela guerra proclamaria, como fizeram as Américas Espanholas com a mesma razão,
e com o mesmo sucesso. É logo bem evidente que se algum dia o Soberano
estabelecido no Brasil voltar para Portugal, deixará após de Si a Independência
firmada em todas as feitorias do Rio de Janeiro. Conhece-se qual é o estado de
oscilação, e de divergência, em que estão todas as Províncias do Brasil; o
único centro para onde parece que se encaminham suas vistas, e suas esperanças
é a Constituição, e a primeira vantagem, que se espera deste plano
regenerador é a conservação inalienável das atribuições, de que se acha de
posse esta antiga Colônia transformada em Monarquia; menos para autorizar a
residência do Augusto Chefe da Nação, do que pelo grande peso, que o seu Comércio
de exportação lhe dava na balança mercantil da Europa, pelas suas diferentes
relações com os diversos Povos desse antigo Hemisfério, e pelo progressivo
desenvolvimento de suas forças físicas, e morais.
O
Brasil conservado na sua Categoria, nunca perderá de vista as idéias de seu
respeito para com a sua ilustre, e antiga Metrópole, nunca se lembrará de
romper esta cadeia de amizade, e de honra, que deve ligar os dois Continentes
através da mesma extenção dos mares que o separam; e a Europa verá com
espanto, que se o espaço de duas mil léguas, foi julgado mui logo para
conservar em vigor os laços do Reino Unido, sendo o fiador desta união um frágil
lenho, batido pelas ondas, e exposto às contingências da Navegação; este
mesmo espaço nunca será capaz de afrouxar os vínculos de nossa aliança, nem
impedirá que o Brasil vá ao longe com mais alegria, com a mão mais cheia de
riquezas, do que ia dantes, engrossar a grande artéria da Nação.
O
Povo do Rio de Janeiro conhecendo bem, que estes são os sentimentos de seus
co-irmãos Brasileiros protesta à face das Nações pelo desejo que tem de ver
realizada esta união tão necessária, e tão indispensável para consolidar as
bases da prosperidade Nacional: entretanto o mais Augusto penhor da
infalibilidade destes sentimentos é a Pessoa do Príncipe real no Brasil,
porque nele reside a grande idéia de toda aptidão para o desempenho destes
planos, como o primeiro vingador do sistema Constitucional. As Províncias do
Brasil aparecendo nas pessoas dos seus Deputados em roda do Trono do Príncipe
Regente formaram uma liga de interesses comuns, dirigindo sempre a marcha das
suas providências segundo a perspectiva das circunstâncias, sendo um dos seus
objetos de empenho estreitar mais e mais os vínculos de nossa Fraternidade
Nacional.
Se
o motivo que as Cortes apresentaram para fazerem regressar Sua Alteza Real é a
necessidade de instrução de economia Política, que o Mesmo Senhor deve
adquirir viajando pelas Cortes da Europa assinadas no Decreto, o Povo julga que
se faz mais necessário para a futura glória do Brasil, que Sua Alteza Real
visite o interior deste vastíssimo Continente desconhecido na Europa
Portuguesa, e por desgraça nossa examinado, conhecido, descrito, despojado
pelas Nações Estranjeiras, em cujas Cartas, como ultimamente na de Mr. La Pie,
nós com vergonha vamos procurar as Latitudes, e as Longitudes das Províncias
centrais, a direção dos seus grandes rios, e a sua posição geográfica, os
justos limites, que as separam umas das outras, e até conhecer a sua capacidade
para as riquezas de agricultura pela influência das diversas superfícies, que
elas oferecem.
Portugal
considerando o Brasil como um País, que só lhe era útil pela exportação do
ouro, e de outros gêneros com que ele paga o que importam os Estrangeiros,
esquecendo-se que esta mesma exportação era resultado mais das forças Físicas
do Brasil, do que de estímulo das Artes de indústria comprimidas pelo mortífero
sistema Colonial, e abandonadas a uma cega rotina não se dignou em tempo algum
entrar no exame deste Continente, nunca lançou os olhos sobre o seu termômetro
político, e moral, para conhecer a altura em que estava a opinião pública, e
bem mostra agora pela indiferença com que se anuncia a seu respeito: é
portanto de primeira necessidade que o Príncipe Regente dê este passo tão
vantajoso para maior desenvolvimento da vida moral, e física do Brasil.
Re: dia do fico
As
Cortes da Europa hoje decaídas daquele esplendor, que elas apresentavam em
outras épocas ainda conservam grandes Sábios, famosos políticos, porém estas
classes se consideram mudas, e paralisadas pelas diversas facções, que as
combatem com uma prepotência irresistivel: Sua Alteza Real não encontrará
hoje nelas mais do que intrigas diplomáticas, mistérios cabalísticos, pretensões,
ideais, projetos efêmeros, partidos ameaçadores, a moral pública por toda a
parte corrompida, os Liceus das Artes, e das Ciências na mais miserável
prostituição, uma política cega concebendo, e abortando, em uma palavra Sua
Alteza Real achará em toda a Europa vestígios desse vulcão, que rebentando ao
Meio Dia levou estragos além das Ilhas, e dos Mares. Não, não foi em crises tão
fatais, que viajaram o Imortal Criador do império da Rússia Pedro Primeiro, e
o grande filho de Maria Tereza José Segundo, assim como outros Príncipes, que
voltaram aos seus Estados enriquecidos de conhecimentos, que fizeram a
prosperidade de suas Monarquias. Depois que o interesse passou a ser, como diz o
Abade Condillac, a mola Real dos Gabinetes da Europa, a Política começou a
esconder sua marcha, e quase sempre as idéias ostensivas são inteiramente
diversas daquelas, que aparecem nos planos das negociações. É bem de esperar
que o Príncipe Herdeiro de uma Monarquia olhada hoje com ciúme pelas Nações
Estrangeiras não seja admitido a comunicação dos seus mistérios Eleusinos,
que veja as novas Tiros, e Cartagos só pela perspectiva de sua economia pública,
e que se faça todo o empenho para desviar da conhecida agudeza de seu Engenho a
Carta dos interesses Ministeriais.
Nas
províncias do Brasil Sua Alteza Real achará um Povo, que o adora, e que
suspira pela sua presença: nas mais polidas encontrará homens de talentos, bem
dignos de serem admitidos ao seu Conselho, em outras achará a experiência dos
velhos, que o Discípulo de Xenofonte encontrou nas bocas do Nilo; conhecerá de
perto as forças locais deste imenso País, em cujo seio ainda virgem, como diz
o célebre Mr. de Sismondi se podem perfilhar as plantações, que nutrem o
orgulho das margens do Indo, do Ganges, da antiga Taprobana, e que obrigam o
altivo Adamastor a se embravecer tantas vezes contra os Europeus. Os Povos
experimentaram estes estímulos de estusiasmo, e de brio, que inspira a presença
criadora de um Príncipe; sobre todas as vantagens enfim; Sua alteza Real terá
uma que não é pequena, conhecer por Si mesmo a herança de Sua Soberania, e não
pelas informações dos Governadores, que tudo acham inculto, atrasado, com obstáculos
dificultosos, ou invencíveis para se desculparem assim de sua inação, ou para
depois mostrarem em grande mapa colorido o pouco que fizeram, deixando entre as
sombras as concussões violentíssimas, que sofreram as vítimas de seu
despotismo. Tal é a idéia que o nosso insigne Vieira oferece em suas Cartas
quando analisa a conduta destes Régulos de bastão e ferro, praga tão funesta
ao Brasil, ou ainda mais, do que o mesmo sistema Colonial.
Sendo
pois esta viagem de tão grandes consequências para o progressivo melhoramento
do Brasil, fica demonstrada a sua importância, e sua necessidade; os
conhecimentos adquiridos por Sua Alteza Real sendo confrontados com os votos
daqueles, que possuem a verdadeira estatística do Brasil servirão muito para
organizarem o plano do regime que deve animar a sua vida física, e moral.
Há
uma distância mui considerável entre o Meio Dia da Europa, e o Meio Dia da América;
a Natureza humana aqui experimenta uma mudança sensível, um novo Céu, e por
isso mesmo uma nova influência sobre o caráter de seus indivíduos; é impossível
que Povos classificados em oposição física se possam reunir debaixo do mesmo
sistema de governo; a Industria, a Agricultura, as Artes em geral exigem no
Brasil uma Legislação particular, e as bases deste novo Código devem ser esboçadas
sobre os locais, onde depois hão de ir ter sua execução. Se o Brasil
agrilhoado em sua infância, e com
mui
poucas homenagens na sua mocidade avançou rapidamente através das mesmas
barreiras, que tolhiam sua marcha, quanto não avançará depois de ser
visitado, e perfeitamente conhecido pelo Príncipe Herdeiro da Monarquia, que na
sua passagem verá a justiça que se lhe fez tirando-se-lhe as argolas
Coloniais, e dando-se-lhe o Diadema? O Povo do Rio de Janeiro tendo em vista o
desempenho deste projeto verdadeiramente filantrópico, e conhecendo que Sua
Alteza Real anuncia o mais energético entusiasmo em realizá-lo com grande
vantagem da Nação em geral, não pode portanto convir no seu regresso, e
julgando que tem dito quanto basta para que V.S. faça ver a Sua Alteza Real a
delicadeza com que o Mesmo Senhor se deverá haver nas circunstância já ameaçadoras
no horizonte político do Brasil, espera ser atendido na sua representação, de
cujas consequências (não o sendo) o mesmo Povo declara V.S. responsável-,
igualmente espera que o Soberano Congresso a receba, e a considere como um
manifesto da vontade de in-nãos Interessados na prosperidade geral da Nação,
no renovo de sua mocidade, e de sua glória, que sem dúvida não chegará ao
Zenith, a que espera subir se não estabelecer uma só medida para os interesses
recíprocos dos dois Hemisférios, atendendo sempre às diversas posições
locais de um, e outro. Sendo portanto de esperar, que todas as Províncias do
Brasil se reunam neste centro de idéias, logo que se espalhe a lisonjeira notícia
de que se não verificou o regresso de Sua Alteza Real, o Povo encarrega a V.S.
de fazer ver ao mesmo Senhor a absoluta necessidade de ficarem por agora
suspensos os dois decretos 124, e 125 das Cortes, porque não se pode presumir
das públicas intenções do Soberano Congresso, que deixe de aceder a motivos tão
justos, e de tão grandes relações com o bem geral da Nação. Rio de Janeiro,
em 29 de dezembro de 1821.
Cortes da Europa hoje decaídas daquele esplendor, que elas apresentavam em
outras épocas ainda conservam grandes Sábios, famosos políticos, porém estas
classes se consideram mudas, e paralisadas pelas diversas facções, que as
combatem com uma prepotência irresistivel: Sua Alteza Real não encontrará
hoje nelas mais do que intrigas diplomáticas, mistérios cabalísticos, pretensões,
ideais, projetos efêmeros, partidos ameaçadores, a moral pública por toda a
parte corrompida, os Liceus das Artes, e das Ciências na mais miserável
prostituição, uma política cega concebendo, e abortando, em uma palavra Sua
Alteza Real achará em toda a Europa vestígios desse vulcão, que rebentando ao
Meio Dia levou estragos além das Ilhas, e dos Mares. Não, não foi em crises tão
fatais, que viajaram o Imortal Criador do império da Rússia Pedro Primeiro, e
o grande filho de Maria Tereza José Segundo, assim como outros Príncipes, que
voltaram aos seus Estados enriquecidos de conhecimentos, que fizeram a
prosperidade de suas Monarquias. Depois que o interesse passou a ser, como diz o
Abade Condillac, a mola Real dos Gabinetes da Europa, a Política começou a
esconder sua marcha, e quase sempre as idéias ostensivas são inteiramente
diversas daquelas, que aparecem nos planos das negociações. É bem de esperar
que o Príncipe Herdeiro de uma Monarquia olhada hoje com ciúme pelas Nações
Estrangeiras não seja admitido a comunicação dos seus mistérios Eleusinos,
que veja as novas Tiros, e Cartagos só pela perspectiva de sua economia pública,
e que se faça todo o empenho para desviar da conhecida agudeza de seu Engenho a
Carta dos interesses Ministeriais.
Nas
províncias do Brasil Sua Alteza Real achará um Povo, que o adora, e que
suspira pela sua presença: nas mais polidas encontrará homens de talentos, bem
dignos de serem admitidos ao seu Conselho, em outras achará a experiência dos
velhos, que o Discípulo de Xenofonte encontrou nas bocas do Nilo; conhecerá de
perto as forças locais deste imenso País, em cujo seio ainda virgem, como diz
o célebre Mr. de Sismondi se podem perfilhar as plantações, que nutrem o
orgulho das margens do Indo, do Ganges, da antiga Taprobana, e que obrigam o
altivo Adamastor a se embravecer tantas vezes contra os Europeus. Os Povos
experimentaram estes estímulos de estusiasmo, e de brio, que inspira a presença
criadora de um Príncipe; sobre todas as vantagens enfim; Sua alteza Real terá
uma que não é pequena, conhecer por Si mesmo a herança de Sua Soberania, e não
pelas informações dos Governadores, que tudo acham inculto, atrasado, com obstáculos
dificultosos, ou invencíveis para se desculparem assim de sua inação, ou para
depois mostrarem em grande mapa colorido o pouco que fizeram, deixando entre as
sombras as concussões violentíssimas, que sofreram as vítimas de seu
despotismo. Tal é a idéia que o nosso insigne Vieira oferece em suas Cartas
quando analisa a conduta destes Régulos de bastão e ferro, praga tão funesta
ao Brasil, ou ainda mais, do que o mesmo sistema Colonial.
Sendo
pois esta viagem de tão grandes consequências para o progressivo melhoramento
do Brasil, fica demonstrada a sua importância, e sua necessidade; os
conhecimentos adquiridos por Sua Alteza Real sendo confrontados com os votos
daqueles, que possuem a verdadeira estatística do Brasil servirão muito para
organizarem o plano do regime que deve animar a sua vida física, e moral.
Há
uma distância mui considerável entre o Meio Dia da Europa, e o Meio Dia da América;
a Natureza humana aqui experimenta uma mudança sensível, um novo Céu, e por
isso mesmo uma nova influência sobre o caráter de seus indivíduos; é impossível
que Povos classificados em oposição física se possam reunir debaixo do mesmo
sistema de governo; a Industria, a Agricultura, as Artes em geral exigem no
Brasil uma Legislação particular, e as bases deste novo Código devem ser esboçadas
sobre os locais, onde depois hão de ir ter sua execução. Se o Brasil
agrilhoado em sua infância, e com
mui
poucas homenagens na sua mocidade avançou rapidamente através das mesmas
barreiras, que tolhiam sua marcha, quanto não avançará depois de ser
visitado, e perfeitamente conhecido pelo Príncipe Herdeiro da Monarquia, que na
sua passagem verá a justiça que se lhe fez tirando-se-lhe as argolas
Coloniais, e dando-se-lhe o Diadema? O Povo do Rio de Janeiro tendo em vista o
desempenho deste projeto verdadeiramente filantrópico, e conhecendo que Sua
Alteza Real anuncia o mais energético entusiasmo em realizá-lo com grande
vantagem da Nação em geral, não pode portanto convir no seu regresso, e
julgando que tem dito quanto basta para que V.S. faça ver a Sua Alteza Real a
delicadeza com que o Mesmo Senhor se deverá haver nas circunstância já ameaçadoras
no horizonte político do Brasil, espera ser atendido na sua representação, de
cujas consequências (não o sendo) o mesmo Povo declara V.S. responsável-,
igualmente espera que o Soberano Congresso a receba, e a considere como um
manifesto da vontade de in-nãos Interessados na prosperidade geral da Nação,
no renovo de sua mocidade, e de sua glória, que sem dúvida não chegará ao
Zenith, a que espera subir se não estabelecer uma só medida para os interesses
recíprocos dos dois Hemisférios, atendendo sempre às diversas posições
locais de um, e outro. Sendo portanto de esperar, que todas as Províncias do
Brasil se reunam neste centro de idéias, logo que se espalhe a lisonjeira notícia
de que se não verificou o regresso de Sua Alteza Real, o Povo encarrega a V.S.
de fazer ver ao mesmo Senhor a absoluta necessidade de ficarem por agora
suspensos os dois decretos 124, e 125 das Cortes, porque não se pode presumir
das públicas intenções do Soberano Congresso, que deixe de aceder a motivos tão
justos, e de tão grandes relações com o bem geral da Nação. Rio de Janeiro,
em 29 de dezembro de 1821.
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